A DEUSA

Quem és tu que me mata de saudade,

Que me leva ao nostálgico delírio?

Ouço-te a voz que o coração me invade,

Na solidão da noite. Que martírio!

Vejo-te em sonho, em frias madrugadas,

Mas, tu foges de mim. Acaba o sonho!

Tu deves ser do céu uma das fadas

E eu sou um sonhador, o mais tristonho.

Por que te escondes, criatura amiga,

Entre a legião dos anjos nas alturas?

Assim aumentas tanto esta fadiga

E as nossas doloridas amarguras.

Ah! Tu não és a fada que me endeusa!...

Mas, é literalmente, a própria Deusa!