*SINGRANDO OS ARES*
Vou aqui sorrateira pelas manhãs frias
Revirando o tempo que vai sem guias
Levando das calçadas pela chuva torta
Pedregulhos que se infiltram na grota
Abro a janela do coração cansado
De tanto emoldurar da vida o abado
Que as bordas pendentes do chapéu
Não cobre de o sol olhar ao léu
Que procura nesta manhã chuvosa
Uma mensagem que cativa encante
Encontro numa sombra verdejante
Teus poemas e sorvo todo suco
Com todo olhar de saber acrimante
Ouvir-te como o sibilar de um cuco
sogueira
Singrando pelos bares, coração.
Nas mesas e palanques, risos, riscos.
Os olhos sorrateiros são ariscos
Às vezes algum sim traduz o não.
Fazendo da ilusão meu ganha pão
Por mais que a realidade em seus confiscos
Repete do passado, mesmos discos
Teimando num inverno crer verão.
Num átimo vagueio outras paragens
E escuto estes acordes magistrais.
Bendita poesia traz viagens
E molda ancoradouros mais distintos,
Singrando a fantasia sei do cais,
Mesmo que estes vulcões sejam extintos...
Marcos Loures
Vou aqui sorrateira pelas manhãs frias
Revirando o tempo que vai sem guias
Levando das calçadas pela chuva torta
Pedregulhos que se infiltram na grota
Abro a janela do coração cansado
De tanto emoldurar da vida o abado
Que as bordas pendentes do chapéu
Não cobre de o sol olhar ao léu
Que procura nesta manhã chuvosa
Uma mensagem que cativa encante
Encontro numa sombra verdejante
Teus poemas e sorvo todo suco
Com todo olhar de saber acrimante
Ouvir-te como o sibilar de um cuco
sogueira
Singrando pelos bares, coração.
Nas mesas e palanques, risos, riscos.
Os olhos sorrateiros são ariscos
Às vezes algum sim traduz o não.
Fazendo da ilusão meu ganha pão
Por mais que a realidade em seus confiscos
Repete do passado, mesmos discos
Teimando num inverno crer verão.
Num átimo vagueio outras paragens
E escuto estes acordes magistrais.
Bendita poesia traz viagens
E molda ancoradouros mais distintos,
Singrando a fantasia sei do cais,
Mesmo que estes vulcões sejam extintos...
Marcos Loures