Sequioso Tempo
Tanto flui sequioso o Tempo quanto medra
Uma avidez nos grãos de areia da ampulheta
Do passado somente resta a silhueta
O instante cinge sulcos, feito água em pedra.
O momento se esvai quando o rancor se empedra
O presente se faz em insana veneta
A existência se evola qual lesto cometa
O futuro, destarte, a campa logo redra
Na correnteza abstrata das horas concretas
Escorrem dias, décadas, séculos, eras...
O desenhar da história em tangências e retas.
Na infinda hemorragia temporal da idade
O cíclico bailar dos ponteiros, são meras
Ânsias de um vão segundo em ser eternidade.