MILAGRE
Desde que rasguei tua fotografia,
entreguei ao amor o cruel veredicto,
de eternamente solidão a poesia,
e de longa dor à alma, convicto.
Pelo chão escuro da varanda fria,
a paz suprema era sonho – admito,
e cruel a morte voraz que encobria,
o milagre de pleno céu infinito:
Numa calma noite de um dia,
teu olhar como em época passada,
surgiu brilhante na lua que sorria...
E a paixão julgada adormecida,
na flor com lágrimas orvalhada,
mostrou-me a luz de uma nova vida.