AMOR MALDITO


Disseste que me amavas. Creditei
ao teu amor o amor que me restara,
aos sonhos teus os que jamais sonhara
na vida que, de resto, te entreguei.

Agora tu me odeias. Acredito,
seguindo a mesma crença que embalava
o amor que me mentias e eu te dava
eterno, para hoje ser maldito.

Perder-te não me faz um perdedor.
Errei no preço, e é próprio ao pagador
pagar em dobro acrônicas manias.

E em tudo que te dei, tão verdadeiro,
saudades vou sentir, o tempo inteiro,
do tempo inteiro quando me mentias!

Odir, de passagem