CÂNTICO TÍMIDO

Hoje, a lágrima que desce da encosta,

revela ao mundo todo seu lamento;

volvendo a terra, então se mostra

um cântaro claro de dores incontidas.

Pranto que pende e perde

todo calor em longa descida;

banhando teu rosto, molhando teu seio,

caindo aos teus pés, rolando veio.

Ah, bendita lágrima, quisera bebe-la,

apará-la em teu peito

gota a gota, com amor retê-la.

Bendito seja o menestrel afeito,

encosta, a transformar teu corpo,

tua lágrima, em cântaro,num soneto tímido sem jeito.