FADO DO MARINHEIRO

 
Sei que é de sorte e destino
O caminho que trouxe a alma
De louca até o desatino,
Conseguir os calos da palma,
 
E esquecer aos copos de vinho.
É quando eu consigo a calma
E a força deste desalinho,
Que por dentro é o que me inflama,
 
E me faz sofrer sozinho,
Neste peito que reclama
Pelo esquecido carinho,
 
(O dito que não foi proclama,)
Deste destino adivinho
Que me fez viver ao solama.
 
O fado do marinheiro, trabalhador braçal dos mais exigidos, lamenta a perda do controle da alma que o levou às mãos rudes que só o vinho auxilia a ultrapassar. E seu aspecto externo inaceitável faz nele crescer a coragem de ser marujo, sofrido, sem afeto, de um casamento que não ocorreu pois o destino o trouxe abaixo do sol escaldante.
 
José Carlos De Gonzalez
Enviado por José Carlos De Gonzalez em 29/04/2009
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