Soneto 15
O MÉDICO
 
Eis que na quarta lua da viagem-travessia,
Caíram pai e a mãe do bebê aos nervos e aflitos.
Aparecem no pequeno, nesse dia,
Feridas que sangravam aos atritos.
 
O primeiro a encontrar foi o próprio imediato,
E os levou ao médico, pais e bebê junto,
Que ao ouvir o relato, examina-o, usando o tacto,
Suave e sábio toque, de quem sabe o assunto:
 
Pede por penicilina, o que houver no barco,
Traz o marujo seu último e único frasco...
Aí a prática se mostra: “não é pouco nem farto,
 
Aplicar e usar toda a urina da fralda,
Passar na pele, outro ciclo, o mesmo extrato... “
E o médico diz: “não nego, sou eu o viajante cego...”
 
 
Obs: em 1940 até 1954, era habitual a prática de reutilizar a penicilina excretada na urina, devido à exigüidade de produção do remédio.
José Carlos De Gonzalez
Enviado por José Carlos De Gonzalez em 25/04/2009
Reeditado em 25/04/2009
Código do texto: T1559573
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