INSTANTES


O relógio da sala continua
a marcar do meu peito os descompassos,
a passar-me o passeio de teus passos
no silêncio real da minha rua.

Sobre o meu corpo, o corpo teu flutua...
Somente sonhos de visões escassos!
Minha vida, pedaços por pedaços,
vai definhando a cada ausência tua.

O tempo, pelas contas, me prendeu
a mais um dia. E cada dia eu
peço ao ocaso mais e mais auroras.

Ó minha amada, se o passar das horas
é meu futuro, por que não demoras
o teu presente em cada instante meu?

Odir, de passagem