“Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil      diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas” ( W Shakespeare).


DEVANEIOS


Eu cri verdade as tuas vãs promessas,
acorrentei minh’alma à alma tua,
dos meus segredos fiz coisas confessas,
despi meu corpo na verdade nua.

Acreditei nas crenças que professas,
amei-te sol e te vesti de lua,
fiz de teus passos luz, quando atravessas
a minha triste e tortuosa rua.

Eu te estendi as mãos cheias de afago,
ensejos do desejo, um tanto vago,
de partir com alguém os meus anseios.

Porém, de volta, só tristezas trago,
como se fora um trágico pressago
do fim da vida desses devaneios!

Odir, de passagem