Soberbo Beijo
minha voz solitária no escuro,
quer falar e se cala tão somente,
por saber que palavras, simplesmente,
pouco dizem ao amor que afiguro,
no entretanto, me calo, pois possuo
grande fé na palavra que, premente,
se coloca na boca, no presente,
pra dizer o que quero sem amuo,
e estou aqui p’ra dizer o que não digo,
com coragem e cara entorno o verbo,
e num grito inaudível preso ao peito,
esvazio o contido e sem defeito,
lanço o grito no espaço oco e bendigo,
o momento em que o beijo vem soberbo.