Quem visita a casa morta?
Quando chega a noite tudo silencia
Reveste-se a solidão de alma nua
A quietude, soletra-se na poesia
E, deserta, estende-se a minha rua.
Entre esquinas, velha casa solitária
Desperta desejos pueris, adormecidos
Tênue linha traz minh’ alma carcerária
Presos no umbral, os sonhos emudecidos.
Madrugada, estrelas espiam, inquietas
Frestas do telhado, vidraças patéticas
O abandono repousa, sem disfarces.
Inquieto, o pêndulo arrasta as horas
Só a cadeira balança , há cheiro de amoras.
Quem será que visita a casa morta?