Meu motivo de ser

Trago no rosto endurecido,
as marcas do meu fracasso.
Se nada fiz, nada faço.
A vida me tragou, estou vencido.

Caminho ao curto espaço.
Faço da derrota, já rendido,
a trilha que eu mesmo traço;
vagueio absorto, combalido.

Sou quase, do pó, um fragmento.
Sou nênia em boca vadia,
vintém que rola no dia a dia.

Estou aqui, ali, sou como o vento.
Não tenho moradia, nem passado;
sou eu, um poeta desgraçado.