Vago-mundo
Quero que me deixem só, e não se comovam
com o que falo, sinto ou penso;
que os grãos de areia da praia não se movam
ainda que assim ordene o vento.
Quero que me deixem só, e se calem
nada saibam ou comentem sobre meu estado
que tudo que sinto amanhã será apagado
pelas horas e coisas que não me valem.
Na angústia do mais longo isolamento
ficarei apenas eu, sem abrigo, eu assim
sob as estrelas e a solidão imóvel da rua
prostrada na sarjeta, com a dor da alma nua
quedando-me só, como manda o esquecimento:
me arrepender e voltar correndo pra mim.