Vago-mundo

Quero que me deixem só, e não se comovam

com o que falo, sinto ou penso;

que os grãos de areia da praia não se movam

ainda que assim ordene o vento.

Quero que me deixem só, e se calem

nada saibam ou comentem sobre meu estado

que tudo que sinto amanhã será apagado

pelas horas e coisas que não me valem.

Na angústia do mais longo isolamento

ficarei apenas eu, sem abrigo, eu assim

sob as estrelas e a solidão imóvel da rua

prostrada na sarjeta, com a dor da alma nua

quedando-me só, como manda o esquecimento:

me arrepender e voltar correndo pra mim.

Joana Masen
Enviado por Joana Masen em 20/04/2009
Código do texto: T1549502
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