CHUVA


Chove o pranto dos astros escondidos
entre nuvens das cores do abandono.
Há invernos sismais dos meus sentidos,
quais folhas secas parentando outono.

A noite silencia os alaridos.
Luzes mortiças chamam pelo sono.
Passantes, poucos, passam refletidos
pelo asfalto, tal qual papel-carbono.

Em meu quarto de sol, a luz acesa
convida a vida a conversar comigo,
para sentar comigo à minha mesa.

Em minha rua chove, e eu só consigo
receber as razões de mais tristeza
e, por causa da chuva, dar-lhe abrigo.

Odir, de passagem domingueira