UM POEMA SEM ALMA
Eu desejei fazer um belo poema
Que não fosse de amor – eis a questão.
Que pudesse abordar qualquer um tema,
Que não ferisse as cordas da emoção.
Um poema frio, mas de eficácia extrema,
Que impressionasse apenas a razão,
Demonstrado por regra e por teorema,
Como se o verbo fosse uma equação.
Meu pensamento quase se extenua
De tanto se esforçar na busca à-toa
De um poema sem alma – que idéia tonta!
Foi como noite de luar sem lua,
Um inverno de julho sem garoa,
Como fazer amor fazendo conta.