Soneto no. 13
O BEBÊ
 
Estivesse eu vivendo a mulher de Ló,
Decerto não voltaria o curioso olhar
Para o que se findara. Voltar ao pó
É a história de todos, viver é sonhar...
 
Precisamos, eu e o marido, oração e bênção,
Temos a proteger o pequeno aos braços,
O mar é surpresa: chuva, vento, armação;
 
E o mareado, em balanço, vence espaços,
Mas faz o bebê enjoar. O único sabonete
É para banhá-lo e lavar meus mamilos.
Limpo sua boca com bicarbonato,
 
Tenho-o sempre ao peito, frente ao coração,
Como se quisesse reverter seu parto,
Sabê-lo seguro, e refazer sua concepção.
 
Este soneto é parte da história da migração da Ilha da Madeira para o Brasil. O fato se dá em 1952
José Carlos De Gonzalez
Enviado por José Carlos De Gonzalez em 18/04/2009
Reeditado em 18/04/2009
Código do texto: T1545609
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