O ACASO E A VONTADE


Nós dois nos descuidamos, na verdade.
Éramos jovens, cheios de esperanças,
sem muito pra pensar, duas crianças
respirando do amor a liberdade.

E nos perdemos da velocidade
das horas de nós dois, dessas andanças
da vida que, em segundo, é só lembranças
dos instantes da nossa mocidade.

Não há mais tempo ao nosso tempo. O ocaso
faz mais longo o caminho, o pranto é raso,
sequer atende ao gosto da saudade.

Repassando o passado, caso a caso,
vejo que fomos vítimas do acaso,
que se tornou maior do que a vontade.

Odir, de passagem