SONETO DO AMOR CATIVO

SONETO DO AMOR CATIVO

Quantas vezes, querida, apenas desejei

sonhar para viver do sonho que não tive

por falta de razão em tudo o que sonhei

vivendo por capricho onde jamais estive.

Querida! Quantas vezes eu então tentei,

mas nunca consegui viver como se vive

despertado do sonho que não despertei

como o teu pássaro cativo, mesmo livre.

E vão entardecendo nossas esperanças

num funeral tardio de letais lembranças,

a despeito da vida que ainda pulsa nele.

E não me doa mais o amor de cativeiro:

se este sonho ficar, seja ele derradeiro.

E se ficar o amor, eu vou ficar com ele!

Afonso Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 14/04/2009
Código do texto: T1538066
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