SONETO n.59
A LEMBRANÇA
(soneto n. 59)
No baú, preso em um laço, no fitilho,
em buquês de lírios como um dilema,
disparou-me, da memória, um gatilho
que fez nascer, em mim, este Poema.
De aromas, o meu amor tem o tomilho,
seco e misturado às flores de alfazema,
deixando em tudo seu intenso rastilho,
tal o imaginamos em pretenso diadema.
Acordam-me os cheiros na tua ausência:
este atar de rosa, de pinha, de verbena,
apresentando um ar de terna inocência.
Mas, como em toda a lenda de criança,
improvável - ainda que suave e serena,
meu anjo, eu olvidarei a tua lembrança.
***
Silvia Regina Costa Lima
27 de dezembro de 2008