O bardo
Quero saborear palavras belas e adocicadas.
Quero sofrer com a frase dura dita a fronte.
Quero cuspir a face outrora adorada
e exalar o escárnio apunhalado e cortante.
Quero viver das coisas simples
e prestigiar o que menos importa.
Quero estancar as feridas com trovas
e curar a dor da alma com versos.
Quero trocar o dia pela noite
e sofrer ao som de um bom bolero.
Quero tomar tua boca com ânsia
e com o apresso que se prova um bombocado.
Quero idealizar o amor
e aproveitar cada momento marcado.
Quero morrer de saudade
e chorar nas horas de felicidade.
Quero viver de poesia
e penar como todo poeta.
Que anseia por dizer
o que quase não se escuta.
Quero ler os escritos
e tragar o cigarro matinal
Quero me embriagar insanamente
com o amargo conhaque passional.
Ouvirei estórias;
Escreverei outras minhas.
Viverei poeta
e morrerei entrelinhas.