UM OLHAR, UM SORRISO...



Vida malsã, que tanta cena eleva
como se fora de eternal blandície,
caminhos planos em floral planície,
luz da esperança em nebulosa treva.

Desdita temporã, sina maleva,
sonhos de moço, máxima estultície
que aflora mágoa, traz à superfície
larvais lembranças que do amor se leva.

Teu rosto acusa a fuga de meu rosto.
Fingir já não precisas, nem preciso:
nós somos solidão e desencanto

da indisfarçável marca do desgosto,
que nasceu de um olhar, morreu sorriso
entristecido pelo próprio pranto.

Odir, de passagem