Tela: Antonio João Jesus
Escritor , Indigenista e Artista plástico cuiabano


Minhocão do Pari
Edir Pina de Barros


No rio Cuiabá – tão encantado -,
cantado em rasqueados e modinhas,
(também no siriri demais louvado),
existe um minhocão que ali se aninha;
 
Minhocão do Pari, desrespeitado,
desmorona as moradas ribeirinhas,
emborcando a canoa, com pescado,
e devora os caboclos e mocinhas;
 
irado, o leito fere e cava fundo,
que até o rio muda o seu percurso,
a inundar  os roçados, num segundo;
 
como narra o caboclo em seu discurso,
na lua cheia assombra todo mundo,
nos remansos profundos do seu curso.

Livro: Poesia das Águas, pg. 61

Minhocão ou minhocuçu
É uma minhoca enorme, monstruosa, que circula pelos rios e águas do Pantanal virando canoas, devorando pescadores, levantando grandes ondas e desmoronando barrancos dos rios. As lendas dizem que não se pode reformar ou restaurar a igreja matriz da capital de Mato Grosso pois o minhocão encontra-se preso pelos fios de cabelo de Nossa Senhora.



 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 11/04/2009
Reeditado em 16/07/2020
Código do texto: T1534162
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