O amor nos tempos da raiva
Os momentos passamos só nós dois,
Esperando esse mundo melhorar,
Teus encantos eu pude desfrutar,
Aguardando o desastre vir depois,
Porque achava tão indigno ser feliz
Quando muitos sofriam e lutavam,
Perseguidos, de fome definhavam,
Sem trabalho, sem teto, sem país...
Quem sou eu, mestre da dor de todo o povo?
Tolo artífice, asceta pavoroso?
Que me nego a viver esse holocausto?
Melhor ser puro homem só amoroso,
Que trabalha de dia e dorme exausto,
Quando acorda a mulher p’ra amar de novo.