JÁ NÃO CANTO AOS CÂNTICOS
Não canto eu cá, como antes fazia,
nos sonhos refulgentes da vida passada.
Canto sim, agora em agonia,
com minh’alma trôpega, vaga e cansada.
E aos suspiros, daquelas que um dia,
transportaram seus seios, sua boca amada,
até est’alcova, que hoje irradia
sonora e fosca, imagem gravada.
Sussurro eu cá, a este peito agreste,
a cantiga minha, que foi cantada
ao pé da nogueira, a sombra do cipreste.
E hoje ao canto do rouxinol que canta,
eu cá já não canto, como dantes cantava,
sou etéreo à beira, postado da campa.