RAMEIRA
Desalmada e hipócrita meretriz,
vendida mulher, vadia, de rua;
carregas em teu corpo a cicatriz,
o peso injucundo da alma tua.
Nefanda imagem de mulher infeliz,
trocas o sol pelo brilho da lua,
vagueias despida, acha-te feliz;
és hipócrita, escondes a dor tua.
Fostes um dia, bem sei, virtuosa,
tivestes o mesmo olhar das donzelas;
mas, te entregastes desejosa
aos prazeres, sem um motivo qualquer.
Hoje vives num tremedal louco,
e sabes que és, mais puta que mulher.