SONETO A MIM MESMO
Sou, como as aves que mudam no inverno,
desvendando o infinito, em busca de calor.
Sou um ser etéreo, esquecido por seu amor,
um frustrado, sem saber o que é eterno.
Sou, desta vida que passa, um inseguro passo,
em busca do meu próprio ser, de mim mesmo.
Um quase poeta, que rabisca a esmo,
páginas que ficam, revelando todo meu fracasso.
Sou aquele, que não fez nada bem feito,
se amei alguém, foi com incúria.
Sou mar de angústia, de sonho desfeito.
E ainda revelo ao mundo, nos versos meus,
que sou revoltado em fúria,
despojado da sorte, neste mundo de meu Deus.