Soneto desamparado
Hei de zelar por teu corpo, atentamente
e sem certezas hei de apaziguar tua mente
e com minha boca hei de apartar-te as guerras
e a sua boca há de guiar-me, de repente
Nas tuas voltas, vou desencontrar-me lento
e no teu colo deitarei, tomando alento
e no meu peito apoiarás tua cabeça
e em tua cabeça há de caber o pensamento
E caso aceites, juro expatriar meus medos
E se erradicarmos, ambos, nossos egos
Desejar-te-ei, desesperadamente
E se, enfim, renunciares teus segredos
Então, o meu soneto há de estar completo
E hei de amar-te, infinitamente