CASMURRO
Fechado em si, jogou a chave fora,
Pra não tentar consigo mesmo abrir-se;
De olhar quase gelado, ao consumir-se,
Nem mesmo empalidece, ou mesmo cora.
Nunca se sabe o que não gosta ou adora;
A tez é macilenta, a confundir-se –
Mesmo a chorar ou até mesmo a rir-se –
Com a face cuja alma foi-se embora.
Num túmulo ou sarcófago ele guarda
Envolta e abscôndita , sua alma
Com a mais inconfessável das paixões;
E por mais que lá dentro a dor lhe arda
Conserva na aparência a fria calma,
A calma enganadora dos vulcões.