A ENCHETE DO MEU RIO

Amanheceu chovendo em Santo Amaro,

O dia ficou feio, a noite fria,

Deixou-me um gosto de tristeza raro

E funda sensação de nostalgia.

O fantasma da enchente ronda e espia,

Exacerba-me o medo e o desamparo,

E apavorado fico de vigia

Olhando o parvo rio, barrento e caro.

Mas ele cresce palmo a palmo e avança,

No seu dorso, violento agora, dança

Tudo que a correnteza alcança e arrasta;

E clama, e apavorado fica, o povo,

Até que se ouve a voz de Deus de novo

Dizer ao nosso rio querido: basta!

Raymundo de Salles Brasil
Enviado por Raymundo de Salles Brasil em 06/05/2006
Código do texto: T151198