A ENCHETE DO MEU RIO
Amanheceu chovendo em Santo Amaro,
O dia ficou feio, a noite fria,
Deixou-me um gosto de tristeza raro
E funda sensação de nostalgia.
O fantasma da enchente ronda e espia,
Exacerba-me o medo e o desamparo,
E apavorado fico de vigia
Olhando o parvo rio, barrento e caro.
Mas ele cresce palmo a palmo e avança,
No seu dorso, violento agora, dança
Tudo que a correnteza alcança e arrasta;
E clama, e apavorado fica, o povo,
Até que se ouve a voz de Deus de novo
Dizer ao nosso rio querido: basta!