Soneto urbano
A chuva desaba sobre a cidade triste
Lavando traços de humana resistência
Fazem do lixo sua parca residência
Entre os prédios altos como dedo em riste
Só há cinza em toda construção humana
Entre os vários tons, o cinza vem e vence-o
Na ausência absoluta do puro silêncio
Em cada pedra dessa paisagem urbana
Sinto a minha vitalidade ser roubada
Pela fumaça de todos os escapamentos
Pelas calçadas andam corpos sem talentos
No crepúsculo e no rubor da alvorada
E a filosofia do urbano pensamento
É que a vida é toda deveras simulada