LÁGRIMAS

Como se fossem pérola, saíam

Lágrimas doloridas dos seus olhos

E pelas faces negras escorriam

Como se fossem rios lavando escolhos.

Trêmulos os seus lábios refletiam

A intensa dor contida em seus refolhos

Olhando as esperanças que se iam

Como se joio – requeimado aos molhos.

Todos os seus desejos e quimeras

Como se fossem lixo, eram jogados

Às garras dos abutres e das feras

E aqueles olhos tristes e humilhados,

Passadas tantas décadas e eras,

Ainda hoje os vejo marejados.

Raymundo de Salles Brasil
Enviado por Raymundo de Salles Brasil em 04/05/2006
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