Soneto do Espelho
E eu, eu já nem conheço essa face
Que contemplo, dia a dia, no espelho
E temo que, até o grande desenlace,
Nunca saiba quem é esse estranho velho
Tu, que estás aí, preso nesse reflexo
Esse velho espelho, de sombras obscuras
Sim, tu, essa sombra que me deixa perplexo
E confunde minha mente, dantes tão pura
Tu, o estranho no espelho, me angustias
Me oprimes, me deprimes, me alienas
A mim me transformas em pesar e me asfixias
Te transmutas, fronte a mim, em um dilema
Tua verdade, para mim, é uã fantasia
Descobrir-te, penso assim, é um problema