Foram-se os sentidos


Escrevo este poema irreverente
Apenas pra brincar com a palavra;
Não tenho a ilusão de, num repente,
Dizer que até o final não se deslavra

Seara produtiva, fértil chão!
Até que escreveria melhor verso
Se grande fosse a força e a razão;
Se ao fim eu recriasse o estilo terso...

Mas afinal, soneto que se preze,
Deve seguir caminhos sempre iguais
Aos seus antepassados, veros nobres,

Ou cabe, ao paciente, a anamnese
Dos males que o acercam? Me creiais,
Os meus sentidos já se findam. Pobres!