DEVANEIO

Eu estive nas nuvens por alguns instantes...

Vaguei por entre as mais belíssimas quimeras...

Cheguei a ver de perto as luzes mais brilhantes

E, o perfume senti, de muitas primaveras.

O sonho transportou-me a páramos distantes,

Impossíveis lugares, fictícias eras,

Um privilégio só dos loucos delirantes

Como este que se deu todo a sonhar, deveras.

Sonhar é ver adiante a luz que não existe,

Luz que se apaga e deixa o sonhador tão triste!...

Quem ama sonha, o poeta sonha, sonha o louco.

Devia até ter razão Vinícius quando disse:

(O que aos olhos normais parece maluquice)

“Eterno enquanto dura”! – e como dura pouco!...

Raymundo de Salles Brasil
Enviado por Raymundo de Salles Brasil em 01/05/2006
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