Morbidez
De sangue estampa agora ponho em verso
A hematose, o hematoma, a mancha
Que em minha pele ainda se desmancha
Que mesmo deus apaga no universo
E o corpo roto, estirado e morto
Se põe ensolarado o próprio gosto,
E a poça, embebida em dó o rosto,
Vertido em cinzas, em breu absorto
Escarra o hemofluido, ralo, cego
E há um prazer a elevar meu ego
Como a latejar no meu peito o corte
E mesmo mal, de fogo desalento
E o vil hálito a espalhar no vento
Sobra um soluço da sua calma morte