Fome de amor
A toda hora, qual fosse um quebrante,
E, a todo o instante, um querer me devora.
É interessante o rubor que me cora,
Fora, senhora, e por dentro uma errante.
Não tem um nome o clamor que me invade,
E, sem alarde, me gera essa fome.
Essa vontade que já me consome,
Que nunca some e é um instinto covarde.
Eu tanto anseio que espanto esse medo,
Num arremedo de sonho e enleio.
Só no meu seio eu o guardo em segredo.
Mas não me apraz um prazer corrompido,
Nem o estampido em paixão satisfaz.
Eu busco a paz por detrás do alarido...