SONETO DA CRUZ E DA ESPADA


Se tu, deus meu senhor, me desse à espada e a voz de clamor,
Eu, pediria lhe mais! Daí me pai; agulha e novelos de linha;
E lhe afirmo pai; vou consertar o mundo, vou costurar com amor,
Deitarei a espada, aos pés da cruz, e irei até o fim da linha

Deter as tramas e os sofismas, farei, em cada pátria uma mesma bandeira!
E de cada deus, de vosso penhor, repararei, a injuria e quererei o esplendor.
Ah Senhor! Das mascaras, de cada sociedade, de toda casta, farei parreira,
E irei cobrir, com frutos e ervas, o coração nascedouro, ‘inda, imaculado amor.

Ah meu pai; minha solidão se advinha, nos tremores do meu corpo sonhando,
E na minha face, quando durmo; revela-se as escancaras, o feio mago profano
Daí me deus, a beleza que perdi, o encanto que reclamo, a este teu filho parido, de mulher.

Homem irrompido da dor, que não teme a cruz, ou o bem que não me quer,
Daí me pai o ultimo recurso dos teus infindáveis dias, e faça-me sortilégio,
E que esta solidão, que enovela meu coração, se desfaça sem privilégio.


Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 08/03/2009
Código do texto: T1476052
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