AO SABOR DAS VAGAS - Soneto
Ao sabor das vagas (nos mares, devaneios)
O nauta erige o mastro, procurando a ilha
E exaure-se em êxtase, e o transe se partilha,
Ao encontrar a fonte e os seus profundos veios.
Se o aguerrido nauta não teme pela vida,
Nem rude tempestade, ou, da sereia, o canto;
Sucumbe em águas rasas ao gozo do encanto
Dessa fonte virgem, pelos lábios, sorvida.
O sol, que doira o céu, se põe. Reluz a Lua
Prateando o véu por sobre a face. Ela nua
Na fonte virgem abarca... Ela o seu esteio.
Perdem-se no êxtase; e, no pélago dos mares,
As velas entreabertas (trêmulas, em pares)
Ao mastro moribundo, abarcam sem receio.
Moses Adam
F.V., 04.03.2009
(Procurando criar um soneto alexandrino)