A OUTRA TEMPESTADE

A Pinajé

A dor e o dia dividindo a dúvida,

polindo o tempo, parda pedra/sempre,

luz e lábios loucamente lembrem

a tez, o ventre, a semente túmida.

Sobre a solidão sussurrante anseia

o gozo, o sangue; o orgasmo flagra

a música/manhã, calmo mar; amarga

boca e boca, carne e carne: ceia.

Sibilam ébrias sombras à penumbra,

sêmem-saliva assoma sobre o sexo,

línguas, limos, a lascivez alumbra...

Arde a rua, risos estridentes,

fulva flor, enfim, feliz se inflama

e tudo se termina a tara e a trama.

Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 27/04/2006
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