A MORTE DO POETA

Que mais pode o teu querer desejar,

Do que o último suspiro do meu amor?

Este dou-te sem ressentimento ou dor,

Mesmo a quem causou o meu penar.

Fostes sim a mais verdadeira inspiração,

Deste poeta, que agora já agoniza,

Não mais escreve ou fala, mas avisa,

Que está no fim a sua peregrinação.

Muito pouco do que me restou agora,

Do que consegui juntar no caminho,

Dou-te. Subscrito: de quem te adora.

Porém se ainda não estás pertinho,

Deste sonho que vai devagar embora,

É tarde amor, pois morrerei sozinho.

Marco Orsi