Solo de celo

Quando a morte aqui chegar,

quero ser embrulhado em jornal,

ter mortalha de todas as letras;

ser sepulto em rimas, afinal.

Quero um solo de celo,

no lugar de choros e velas;

um cobertor de muitas folhas,

sejam elas claras ou amarelas.

As escritas, que me levem,

que delas, livrar-me não quero.

Em vida, gastei muitas tintas

em palavras que me servem;

agora, na morte, só espero

que falta delas, não sintas !