Soneto de omissão
Diz-me para que deitar em leito escuro
Se o chão insiste em ecoar seus passos?
Para que os astros a brilhar no espaço
Se entre nós há o rechaçar de um muro?
Diz-me para que palavras apartadas
Se juntas e pensadas formam liras?
Pra que deixar queimar em árduas piras
Corpos amantes e mentes amadas?
E se o amor se incuba por milênios
Condena os pensamentos a usura
Oculta a verdade em um segredo
E a granada rouca da loucura
Transforma em estilhaços os momentos
Pedaços lacerados do meu medo