INFINITO SUICÍDIO
Bem que eu quis me enterrar neste meu último soneto
Sob os versos mais compridos que eu conseguisse escrever
Em uma lápide lapidada por mil verbos e verbetes
Dar a máxima poesia ao meu desgosto de viver
Pôr um punhado macabro de transpiração poética
Em m’a palavra inspirada lá nos tempos do spleen
com mil sílabas assentes sobre a mesma velha métrica
Maculada por sintomas de um suicídio sem fim
Mas o soneto ergueu-se tão comum como meu plano
Incapaz de diluir-me me fez sentar ao piano
Dedilhar algumas notas que o transformavam em canção
E por fim também negou-me uma lápide partitura
Devolvendo-me a esta vida que teimosa ainda dura
À espera de um suicídio com final e compreensão