SONETO DO MENSTRUAR DAS NUVENS

O vento sopra o ar de sua graça

Que anuncia e arrepia pele e pensamento

Rajadas vazantes de seres no momento

Ruidos brancos do voar de uma garça.

Uma nuvem que menstrua cortante

Sangrando árvores, flores e até o vento

Chuva que chora um triste lamento

Tudo se curva num ritual constante.

Gotas que cortam o rio e o penetra

Num frio orgasmo que só nele infesta

Nas fendas que se abrem numa festa.

Pássaros voam sem rumo e sem laço

Deixando o vento os transpor pro espaço

Enquanto o rio goza possuído pela chuva.

Luz Miranda
Enviado por Luz Miranda em 16/02/2009
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