O SUOR D’ALMA AÇOITADA
Os suores dessa alma em decassílabos
a lavar as feridas da açoitada,
são siameses versos polissílabos
a debruçarem-se na mesma estrada.
Se o suor d’alma vem do amor crescente,
quem sabe, nessa angústia aleijada,
falte o abraço íntimo, doce e quente
pra curar essa dor já destilada?
Talvez, um coração alado brilhe
com o maturar largo da semente
a brotar do chão que se compartilhe.
E o açoite descarado e penitente
que eternamente então se humilhe,
deixando essa alma voar livremente.