Soneto da Morte

Quem sabe um dia a morte intransigente

sem pena, corta os fios da minha vida

me levará para longe, de vencida

assim tão breve, a alma impenitente

Rompe os fios que me ligam à essa terra

e abrindo uma passagem, me levando

sem ver a hora, nem como e nem quando

a algum lugar que apavora, que me aterra

Do núcleo familiar fazer-me ausente

sem sonhos, sem glórias e sem brilhos

deixar atrás a falta permanente

No coração saudoso de meus filhos

e voar para uma estrela luzente

de repente, não mais que de repente.

Isabel Camargo Pontes