O BEIJO



Um soneto eu lhe fiz, quando lembrei
a angústia louca de minh’alma escrava,
de um beijo que um dia ela me dava
dizendo ao meu ouvido: ”Eu já te amei!”

E esse seu beijo, quanto o desejei
em meio à noite insone e ignava,
no volvente da voz ausente e cava
do vento a repetir: “Eu já te amei!”

E o beijo que aguardara a tanto gosto
ela deu-me, afinal, e eu já nem sei
se foi beijo ou voejo de saudade.

Roçou seus lábios lindos em meu rosto,
dizendo ao meu ouvido. “Eu já te amei!”
E eu desejando um beijo de verdade...

Odir, de passagem