Testamento
Se a vista cerra, cega, para sempre
E a dor plangente pulsa em suas veias
E se os seus olhos n’água se desabotoam
Não deixo nada para me valer
Não sobram contos de um verão mui quente
Não restam mágoas para perdoar
Não corri riscos, não desbravei matas
Nem inimigos tive para odiar
Não há dinheiro, não há mesmo cofre
Não há matéria, nem há energia
Que provem ao mundo que um dia vivi
Não ficou nada dos meus gestos nobres
Mas deixo apenas minha poesia,
Minhas palavras de amor para ti