LIXO

Na voragem falaz do pensamento

Onde tudo parece atroz magia

O poeta vê além do dom cruento

E sobre o lixo, diz com simpatia:

O lixo é a sobra do repasto lento

Que ornou a tua mesa em regalia.

Jamais seria o resto mais nojento

Como as pessoas dizem: porcaria.

Exceto o lixo próprio, repelente,

O resto dos banquetes – nutriente –

É catado do lixo por extinto.

Aos Céus agradeçamos, docemente,

Por não usarmos esse expediente

Quando outros usam: os irmãos famintos!